Glândulas Digestivas e Glândulas de Sal

GLÂNDULAS DIGESTIVAS






ABSTRACT
Carnivorous plants have characteristic adaptations (heterotrophy) to complement their nutrient reserves, in relation to other strictly autotrophic plants, in response to nutritionally poor environments in nitrates and phosphates. In order to capture their prey actively and passively with modifications in their leaves, they use devices of attraction like odors, nectars and showy colorations. The process of digestion is due to the presence of the digestive glands, which through glandular trichomes produce enzymes such as esterases, acid phosphatases, proteases, peroxidases, amisals, pilases and invertases. With this, the phosphate and the nitrogen are harnessed, guaranteeing the complementation of the nutritive reserve.
Palavara- chave: carnivorous , digestive glands.

RESUMO

As plantas carnívoras têm adaptações características (heterotrofia) para complementar suas reservas de nutrientes, em relação as outras plantas estritamente autotróficas, em resposta a ambientes nutricionalmente pobres em nitratos e fosfatos. A fim de capturar suas presas ativa e passivamente com modificações em suas folhas, elas usam dispositivos de atração como odores, néctares e colorações diversas. O processo de digestão é devido à presença das glândulas digestivas, que através de tricomas glandulares produzem enzimas como esterases, fosfatases ácidas, proteases, peroxidases, amilases, pilases e invertasas. Com isso, o fosfato e o nitrogênio são aproveitados, garantindo a complementação da reserva nutritiva.

 
GLÂNDULAS DIGESTIVAS


De acordo com Leon Croizat (1960), todas as plantas carnívoras descendem de uma única linhagem de angiospermas, baseado no tipo de armadilha que representa uma condição primitiva. Atualmente, no entanto, acredita-se ser uma condição derivada que deve ter surgido independentemente, pelo menos, cinco vezes dentro das angiospermas - nas ordens Ericales, Lamiales, Oxalidales, Poales e Caryophyllales - sugerindo que a evolução convergente do hábito carnívoro ocorreu através de angiospermas. Nas espécies não-Caryophyllales são encontradas o maior número de espécies de plantas carnívoras: nas famílias Droseraceae (Aldrovanda, Dionaea e Drosera), Drosophyllaceae (Drosophyllum), Nepenthaceae (Nepenthes), e Dioncophyllaceae (Triphyophyllum). A linhagem de plantas carnívoras Caryophyllales também parece ser única e foi subsequentemente perdida por membros intimamente relacionados de Ancistrocladaceae (Ancistrocladus) e Dioncophyllaceae (Dioncophyllum e Habropetalum).

Diferentes mecanismos evoluíram nas plantas carnívoras para captura das presas, como os jarros em Nerpentes, Darlingoniae Sarracenia; as armadilhas de sucção em Utricularia, Biovularia e Polypompholys; as adesivas em Pinguicula e Drosera; e armadilhas dentadas em Dioneaea e Aldrovanda. Outro tipos de glândulas também são encontradas em plantas carnívoras, como glândulas de atração (geralmente os nectários), glândulas de mucilagens e glândulas digestivas, ajudando a seduzir primeiro os insetos e depois digeri-los.

ARMADILHA E CAPTURA DAS PRESAS (Gêneros)

Drosera
Mecanismo da armadilha: armadilha adesiva
Figura 1.Drosera whittakeri.
©InternationalCarnivorous Plant Society      
www.carnivorousplants.org

Os tentáculos das folhas de Drosera podem ser considerados como grandes glândulas pedunculadas, as quais não são inteiramente de origem epidérmica. Estas estruturas têm haste multicelular, contendo um feixe de traqueídes e uma cabeça com três ou quatro camadas de células cobertas por cutícula. A célula de haste interna tem as características de células de transferência. Muitos plasmodesmos estão presentes entre as células nas regiões da cabeça. As glândulas internas ou tentáculos secretam mucilagem e enzimas, auxiliando também na absorção dos produtos digestivos.



Nepenthes
Mecanismo da armadilha: Jarros

Os jarros de Nepenthes consistem em vários tipos diferentes de glândulas que diferem em sua posição e funções. As glândulas sedutoras multicelulares de origem epidérmica estão presentes na superfície inferior das tampas do jarro que segregam o néctar. Estas glândulas ajudam a atrair os insetos. Um grande número de glândulas digestivas e glândulas com uma possível função digestiva e absortiva estão presentes na superfície interna da parede do jarro e na direção da base do jarro, respectivamente. As glândulas também funcionam como transporte de curta distância entre o fluido do jarro e os tecidos da parede do jarro. As glândulas multicelulares secretam enzimas como fosfatases e esterases.

Nepenthes gracilis
http://i2.photobucket.com/albums/y16/widjaja/pitcherexternal.jpg





Utricularia
Mecanismo da armadilha: Sucção

O bladderwort (Utricularia) contém tipos muito especializados de tricomas ou pêlos. No lado interno da armadilha estão presentes os tricomas de quatro braços (quadrífidos) e dois braços (bífidos), e no exterior estão presentes glândulas externas em forma de cúpula e células epiteliais justapostas próximas à porta de entrada. As glândulas sésseis na parte externa da armadilha secretam a mucilagem e os açúcares, que podem atrair insetos. Curtas glândulas internas extraem água do conteúdo, o que cria tensão. Se um inseto tocar as quatro cerdas rígidas na parte externa da porta da armadilha, abre-se ligeiramente, liberando a tensão e causando um influxo da água. A vítima entra com a água e a porta fecha novamente.

Armadilha de Utricularia inflata,
mostrando claramente a porta, pelos
 de gatilho e paredes côncavas.
http://www2.cnrs.fr/presse/communique/2107.htm




Venus fly-trap (Dionaea)
Mecanismo da armadilha: armadilha dentada

Em Dionaea, o efeito da enzima secretada, protease, pode ser mostrado alimentando a folha com pequenos pedaços de filme colorido exposto. A armadilha fecha no filme, as glândulas são estimuladas e o filme é digerido antes que a folha se abra novamente. O fechamento da folha ocorre devido a sinais elétricos originados nos pêlos sensoriais multicelulares. Cada um dos pêlos sensoriais consiste em nectários distintos e basais. Em Dionaea a digestão do inseto aprisionado começa dentro de 36 horas após o fechamento da armadilha.


Venus flytrap (Dionaea muscipula).
http://www.scienceart.com/gallery/24468/24468_57200818819.jpg






Pinguicula
Mecanismo da armadilha: Adesão

As glândulas digestivas do gênero Pinguicula têm três compartimentos funcionais: (a) um reservatório basal, (b) uma célula de caráter endodérmico e (c) um grupo de células da cabeça, secretoras. O complexo glandular é derivado de uma única epiderme inicial. A célula do reservatório, que é rica em Cl-íons, é muito turgida antes da descarga; É ligada por plasmodesma e células epidérmicas circundantes, e é revestida por uma camada de parede interna rica em pectina. A célula endodérmica é delimitada por uma tira Caspariana à qual o plasmodesma está firmemente ligada. Contém abundantes lipídios de armazenamento e numerosas mitocôndrias. Seu mecanismo de captura é feito através da secreção adesiva das glândulas pediceladas presentes em suas folhas. Esta planta possui uma notável sofisticação, que é a capacidade de movimento localizado, reconhecendo o ponto onde a presa foi capturada,


Pinguicula gigantea
  www.carnivorousplants.org



Drosophyllum lusitanicum
Armadilha: Semi-adesão

Apresenta folha sésseis, em forma de báculo, contem glândulas de dois tipos: pediceladas que segregam mucilagem e glândulas sésseis produtoras de enzimas. Possui armadilha do tipo adesiva semi-ativa, conseguindo atrair suas presas pela coloração avermelhada e pelo odor, semelhante ao mel, das mucilagens que produz.










EXITEM OUTRAS PLANTAS CARNIVORAS?

SAIBA MAIS...


CURIOSIDADES



·         Amorphophallus titanum  (Beccari, 1879), mais conhecida como flor-cadáver, pode chegar a 6 metros de altura e pesar 75 kg, tendo a fama de ser a maior carnívora do mundo. Porém, o que mais chama a atenção no caso desta rara espécie é o cheiro que exala para atrair insetos carniceiros: um misto de carne podre com fezes, explicando o porquê de sua alcunha popular. Natural da Indonésia, a Amorphophallus titanum (que literalmente significa “falo gigante sem forma”) pode viver até 40 anos, porém só floresce cerca de duas vezes, sendo este fenômeno muito curto, durando aproximadamente 48 horas. Entretanto, segundo pesquisadores, trata-se na verdade de uma inflorescência, sendo a maior flor do mundo a proveniente da planta Rafflesia arnoldii.
·         A planta Rafflesia arnoldii (R Br., 1818), que produz a maior flor do mundo, é originária da Indonésia e é popularmente conhecida como flor-monstro. Pode chegar a 1 metro de diâmetro, pesando cerca de 10 kg. Assim como a Flor Cadáver, esta possui um cheiro peculiar semelhante à carniça, que ajuda na atração de insetos e polinização; e também produz um líquido pegajoso que prende os insetos para sua alimentação. Trata-se de uma planta parasita, pois sobrevive sugando nutrientes das raízes de uma árvore chamada Tetrastigma. Portanto, não realiza a fotossíntese, não possui caule, raiz nem folhas.
·De acordo com James e Patricia Pietropaolo (Plantas Carnívoras do Mundo, Timber Press, Inc. 1986), o fluido de jarros de Nerpentes não abertos tem sido usado como um laxante, remédio para queimaduras, tosse, olhos inflamados e para várias doenças de pele. Jarros abertos são usados para transportar água e como panelas para cozinhar alimentos, enquanto as vinhas fortes são usadas para cordas.





REFERÊNCIAS

ž  
Carnivorous Plants & the Fast-Moving Sensitive Plant. Disponível em:>>http://waynesword.palomar.edu/carnivor.htm<<. Acessado em: 09.03.2017
ž  
International Carnivorous Plant Society. Disponível em:>>http://www.carnivorousplants.org/<<. Acessado em: 10.03.2017

CASTRO, M. M., MACHADO, S. R. Células e Tecidos Secretores. In: APEZZATO-DA GLÓRIA, B., CARMELLO-GUERREIRO, S. M. Anatomia Vegetal. Ed. UFV. Viçosa. 2 ed.,2006

CRUZ, S., JIMÉNEZ, S., NIETO, I., VILLAREJO, B. Plantas Carnívoras. 2013.

JAMES  PIETROPAOLO, PATRICIA, .PIETROPAOLO.. plants of the world (Timber Press, 1986)(600dpi)(T)(C)(ISBN 0881923567)(235s)_B_.rar
ž
Y. HESLOP-HARRISON, J. HESLOP-HARRISON; The Digestive Glands of Pinguicula: Structure and Cytochemistry. Ann Bot 1981; 47 (3): 293-319. doi: 0.1093/oxfordjournals.aob.a086022

žPHYSIOLOGICAL PLANT ANATOMY MACMILLAN AND CO., Limited LONDON BOMBAY – CALCUTTA. The Digestive Glands of CarnivorousPlants
ž  RAY F. EVERT (2006) Esau’s Plant Anatomy. Wiley & Sons, Inc.

GLÂNDULAS DE SAL


Resumo: Graças a busca por informação, o homem conseguiu desenvolver sua cultura ao redor de vários conhecimentos, sobre o mundo a sua volta, inclusive sobre as plantas. Estas têm grande importância na produção de alimentos e diversos outros subprodutos, mas muitas plantas apresentam peculiaridades que muitas vezes são pouco estudadas, entre essas peculiaridades podemos citar as glândulas secretoras de sal. Mecanismo desenvolvido pelos vegetais de suma importância para sua sobrevivência e equilíbrio osmótico, que é o foco deste trabalho, justamente para trazer mais informações à cerca do assunto que esta pesquisa foi elaborada.

Abstract: Thanks to the search for information, man has been able to develop his culture around 
various knowledge, about the world around him, including about plants. These are of great 
importance in the production of food and several other by products, but many plants have peculiarities 
that are often little studied, among these peculiarities we can mention the salt secretory glands. 
Mechanism developed by the plants of extreme importance for its survival and osmotic balance, which is 
the 
focus of this work, precisely to bring more information about the subject that this research was developed. 



Em torno de 60 milhões, no atual sudeste asiático, as plantas angiospermas fizeram experiência: voltar a viver em ambiente mais salino e mais úmido que os encontrados em meio terrestre. Ao molhar novamente os pés na praia e fixá-los num ambiente que haviam abandonado, o reino vegetal inventou as diversas espécies que denominamos de mangue. O retorno ao mar, agora na condição de angiosperma, encontrou sérios problemas de adaptação: lidar com o excesso de água, com excesso de sal e carência de ar no solo. (SOPFFIATI, 2012).

Esses mecanismos são desenvolvidos funcionalmente pelas glândulas de sal, responsáveis por reduzir o estresse salino no interior das plantas. De acordo com Cavalcante et al. (2010), o acúmulo de Na⁺ e Clˉem vegetais acarretam numa toxidade iônica devido a mudanças nas relações Na⁺/K⁺, Na⁺/Ca⁺⁺ e Clˉ/NOˉ, provocando redução no desenvolvimento e até a morte da planta.


Para que esse processo aconteça de forma eficiente, é necessário que as plantas halófitas tenham a habilidade de controlar a entrada de sal em cinco pontos específicos: 1- Seletividade no processo de absorção pelas células das raízes; 2- carregamento do xilema preferencialmente K⁺ mais do que Na⁺; 3- remoção do sal do xilema na parte superior das raízes, caules, pecíolo ou bainha foliares;4-Translocação de Na⁺e Clˉ no floema, garantindo a ausência de translocação para tecidos da parte aérea no processo de crescimento; e 5 –excreção de sais através de glândulas ou pelos vesiculares, presentes apenas  nas halófitas. (WILLADINO & CÂMARA, 2010).



O funcionamento das glândulas de sal nas halófitas ocorre         por compensação do potencial osmótico dos solos salinos acumulando sal no protoplasma. Além de também possuírem uma compartimentalização seletiva de íons que entram na célula, acumulando-os nos vacúolos e reduzindo a concentração desses sais no citoplasma e cloroplasto. Uma alta concentração de sais no interior das plantas torna-os uma substância muito tóxica, podendo influenciar no metabolismo geral da planta.




As plantas halófitas são caracterizadas por glândulas secretoras. São estruturas presentes na epiderme e consistem de células basais altamente cutinizadas, enquanto que as células excretoras propriamente ditas apresentam-se, praticamente, livres de cutina. De acordo com Willadino e Câmara (2010), pêlos vesiculares (tricomas), que são células epidérmicas modificadas, estão presentes em folhas de plantas que ocupam ambiente salino, tais como: litoral, mangues, dunas e desertos. Algumas das famílias de vegetais que possuem glândulas secretoras de sal são: Avicenniaceae, Acanthaceae, Chenopodiaceae, Frankeciaceae, Plumbaginaceae e Tamaricaceae.


Além de existir importâncias econômicas e sociais relacionados a algumas plantas halófitas, elas também são encontradas em áreas de berçário de uma variedade muito grande de animais que inclui aves, peixes, crustáceos e alguns mamíferos, como por exemplo o mangue. Já a importância social desses ambientes para a comunidade pesqueira é de suma importância pelo fato de muitas dessas espécies com valor econômico terem seu desenvolvimento intrinsicamente ligado ao ambiente de manguezal em suas fases de crescimento e reprodução. (SOPFFIATI, 2012)



Fato interessante sobre plantas pertencentes a Chenopodiaceae,a folha do 1569+. Chenopodium mostra a presença de tricoma por toda a superfície. Os membros das Chenopodiaceae são plantas tolerantes ao sal e podem sobreviver no solo, onde a concentração de íons Na⁺ é muito mais elevada que a concentração de íons K⁺. Os íons Na⁺ são tóxicos para as plantas, portanto as plantas têm que se livrar deles. As áreas especiais das glândulas estão presentes nos tricomas que ajudam na remoção destes íons das plantas.



 BIBLIOGRAFIA:

PASCOALINI, S. S., LOPES, D. M. S., FALQUETO, A. R., TOGNELLA, M. M. P. Abordagem ecofisiológica dos manguezais: uma revisão. Universidade Federal do EspíritO Santo. Revista Biotemas, 27 (3), 2014.
WILLADINO, L., CÂMARA, T. TOLERÂNCIA DAS PLANTAS À SALINIDADE: ASPECTOS FISIOLÓGICOS E BIOQUÍMICOS. UFRPE. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.6, N.11; 2010.

SILVA, J. M., MARTINS, M. B. G., CAVALHEIRO, A. J. CARACTERIZAÇÃO ANATÔMICA E PERFIS QUÍMICOS DE FOLHAS DE Avicennia schaueriana STAPF. & LEECH. EX MOLDENKE E Rhizophora mangle L. DE MANGUEZAIS IMPACTADOS E NÃO IMPACTADOS DO LITORAL PAULISTA. Revista de Botânica – Journal of Botany. INSULA, Florianópolis, n. 39, p. 14-33, 2010.

COSMO, B., GALERIANI, T. Glândulas vegetais secretoras de sais e digestivas. Universidade Federal do Paraná, Setor Palotina, 2014.
CARDOSO, P. Estruturas secretoras em plantas. Instituto de Botânica. São Paulo, 2011.
SOPFFIATI, A. A origem dos manguezais. Disponível em: <<http://www.revistacidade.com.br/especiais/88-manguezais/354-a-origem-dos-manguezais>> Acessado em: 03/02/2017.




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