Hidatódios e Nectários


HIDATÓDIOS E NECTÁRIOS





HIDATÓDIOS


Os hidatódios são aberturas estomáticas modificadas, que diferentemente dos estômatos, não se fecham. São estruturas encontradas nas ornamentações (dentes e crenas) das margens das folhas.  São caracterizados pela presença de: bainha do feixe aberta; elementos de condução exclusivamente xilemáticos; epítema – um parênquima cujas células de ângulos arredondados e paredes delgadas e providos de poros aquíferos semelhantes a estômatos modificados com câmaras aquíferas, dispostas no termino dos feixes vasculares nos bordos foliar de certas plantas

Estrutura de um hidatódio de Brassica oleracea. As sestas indicam os poros aquíferos; vascular bundle = feixes vasculares; epithem = epitema. (disponível em HTTP://www.sbs.utexas.edu/mauseth/weblab/webchap9secretory/9.3-10.html)


Os hidatódios podem ser de dois tipos: Um denominado de terminal, que é composto por uma única célula epidérmica que excreta água por transporte ativo. O outro que é mais comum e abundante na maioria das espécies é o epitemal, o qual é formado por duas células estomáticas, que delimitam um poro permanentemente aberto nas plantas de ambientes muitos úmidos. Nele existe uma câmara que está preenchida por um parênquima aqüífero (epítema) onde desembocam vasos do xilema.

Quando a temperatura está razoavelmente baixa e a umidade relativa do ar está alta, as plantas absorvem mais água que o necessário, involuntariamente, pois o solo fica saturado. Esse excesso precisa ser eliminado através de transpiração, num processo denominado de gutação, o qual é caracterizado pela alta pressão radicular e baixa transpiração resultando na exsudação (expulsão, transpiração, eliminação) de íons pela folha através dos hidatódios, favorecendo assim o equilíbrio ideal de água no interior da planta. As traqueídes terminais liberam a solução nos proeminentes espaços intercelulares do epítema; neste sítio ocorre captação seletiva de íons quando estiverem presentes as células com paredes labirínticas (células de transferência), possibilitando a nutrição mineral das folhas. O material é liberado para fora da planta através de poros aquíferos.

Gutação a partir dos hidatódios presentes nas margens de Fragaria sp. (disponível em HTTP://wikipedia.org/wiki/Hidat%C3%B3dio).


Vale lembrar que gutação não é o mesmo que orvalho, este último é caracterizado pela condensação de água sobre a superfície da planta devido a fatores climáticos e a gutação, ao contrário, é a expulsão de água e íons em excesso numa área especifíca da folha.
Os hidatódios, além de ter uma importância ecológica na regulação dos sais e água dos vegetais, são estruturas fundamentais no processo de taxonomia botânica, pois a sua presença ou ausência é considerado uma forma de identificar espécies.
Devido ao caráter de eliminar água e material inorgânico, em áreas agrícolas onde se utilizam inseticidas em excesso, as substancias toxicas aparecem misturadas ao material da gutação, causando assim a morte de abelhas que consomem essa água que foi expelida pela planta.

NECTÁRIOS


Os nectários, também conhecidos como glândula nectarífera são estruturas especializadas ou tecidos glandulares que segregam néctar, composto por monossacarídeos, aminoácidos, proteínas e outros compostos. Os nectários ocorrem nas superfícies das plantas. Podem estar nivelados com a superfície da planta ou podem formar protuberâncias ou ser afundado, em alguns casos muito profundamente.

Em geral, os nectários (florais ou extraflorais) consistem de três componentes: I) epiderme, que apresenta ou não estômatos ou tricomas, por onde o néctar é liberado; II) parênquima especializado que produz ou armazena os solutos do néctar; III) feixe vascular composto majoritariamente por floema. Comparado ao floema, o néctar contém açúcares em maior concentração e quantidades similares de aminoácidos e outros compostos orgânicos, cujas proporções estão sujeitas a variações temporal, espacial e biótica

Os nectários são classificados em nectários florais (NF) e extraflorais (NEF). Ambos diferem em posição e função; estes podem estar em qualquer estrutura vegetativa, mas são mais frequentemente localizados em, ou perto, da base do pecíolo da metade superior da folha. Eles também podem ser associados com a flor, flores ou brácteas como em 
Bignoniaceae e Malvaceae

Nectários em Pelexia oestrifera (Orquídea) (Disponível em: http://www.webbee.org.br/singer/01.htm)




Quanto às funções do material secretado (néctar), dependerá de onde está sendo secretado, levando em consideração as classificações citadas acima, isto é, se o néctar for secretado em um nectário floral, este terá um objetivo diferente do néctar secretado pelos nectários extraflorais. Néctar de nectários florais estão ligados diretamente à polinização, enquanto o secretado pelos extraflorais não estão associados à polinização e podem servir como mecanismo que auxilia na predação de insetos por espécies carnívoras ou atrativo para promover proteção própria, visto que o néctar é atrativo para formigas e estas defenderão a planta contra herbivoria.


Formigas coletando néctar proveniente de nectários extraflorais.(Disponível em: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI345179-17770,00-ARVORE+ESCRAVIZA+FORMIGAS.html)





Algumas curiosidades envolvendo Nectário e seu exsudato:

Algumas flores do sexo feminino não produzem néctar, mas simulam características similares às flores macho que produz, como odor, coloração eguias de néctar, atraindo o polinizador que visitou a flor macho que produz néctar e pólen, promovendo fertilização sem gasto de energia com produção de néctar pela flor fêmea.
Estudos autorradiográficos revelaram que as células nectaríferas são capazes de reabsorver o néctar não coletado pelos visitantes.



BIBLIOGRAFIA:

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